Em tempos idos, 2013 ou 2014, já não me lembro bem, começou a ser celebrado o dia do concelho, por ser a data da restauração do mesmo em 1898.
Segundo reza a lenda, o concelho de Arruda teve o seu primeiro foral atribuído pelo primeiro rei português dom Afonso Henriques em 1160 e por isso poderemos dizer que este ano se completam 880 anos sobre esse momento fundador, o que faz ou faria de Arruda um dos concelhos mais antigos do país, caso essa denominação ainda existisse.
Decorrem apenas 3 anos sobre o referendo nacional que decidiu pela extinção dos concelhos, mas desde há algum tempo que a sua existência era apenas formal. Nos anos 20, iniciou-se um processo de transferência de competências que começou por ser o princípio do fim dos municípios como eram conhecidos até em então. Primeiro, o governo da altura fez algumas transferências de competências para os municípios e freguesias, mas face à crise financeira e com as alterações profundas na sociedade e nas instituições, tais transferências foram mais fictícias do que reais. Já nessa altura, cada vez mais pessoas partilhavam dados com o estado e com outras instituições o que permitiu começar a repensar todo o sistema de municípios e regiões que existiam. Por outro lado, cada vez mais os municípios trabalhavam em conjunto e muitas empresas públicas geriam serviços de interesse municipal, tal como gestão de água, saneamento, resíduos, ambiente. Aos poucos, os serviços públicos mais administrativos deram passos significativos para aproveitar o que a tecnologia de então já permitia fazer e passaram a ficar disponíveis através de sistemas eletrónicos e dessa forma muitas instituições públicas foram substancialmente repensadas para essa nova realidade. Os municípios não ficaram atrás e passaram de instituições pesadas em termos administrativas, para serviços mais ágeis e próximos das pessoas e até, em muitos casos, para promoção e dinamização dos seus territórios e comunidade. Com os novos hábitos digitais, o peso e dimensão das autarquias foi perdendo significado, até que foi mesmo dado o passo para repensar a sua existência secular, levando a extinção e reformulação da grande maioria dos municípios existentes, passando muitas das suas funções e atribuições para entidades regionais, que, entretanto, nasceram no decorrer dos anos 20.
Felizmente hoje existe total transparência, há maior participação e as decisões são tomadas por mais pessoas. No início dos anos 20, as gerações mais novas tinham taxas de votação muito baixas por não acreditar no sistema eleitoral e político levando a que existissem grandes taxas de abstenção. Nos últimos anos foi possível melhor de forma significativa e existe maior controlo e abertura à participação, (apesar de todos os robots que existem a monitorizar o que fazemos??). Também ajuda, e muito, que a vida de cada um seja muito mais simplificada, que tenhamos quase todo o tempo livre e os custos de vida sejam muito mais baixos. O que antes eram toneladas de papeis e burocracia e uma necessidade permanente de pagar contas acabou no final dos anos 20. Todas as transformações da sociedade vieram melhorar em muito a vida de cada um. Só os problemas ambientais são e continuarão a ser um grave problema com que temos de viver. Apesar dos melhores cérebros e robots trabalharem para resolver o assunto, ainda não foi possível recuperar de todos os estragos feitos durante o século XX e nos primeiros 20 anos do atual século. Nem a clonagem e o repovoamento de espécies perdidas nos anos 10 e 20 tem ajudado a minorar todos os estragos que foram feitos. Talvez as gerações futuras venham a ter o problema resolvido, mas a volatilidade é tanta que ninguém sabe o que vai acontecer e até os melhores sistemas de inteligência artificial se baralham nas previsões.